segunda-feira, 19 de junho de 2017

ADEUS AO AMIGO MIGUEL GOMES NETO



No último domingo, dia 11/06/2017, a sociedade maranhense consternou-se com o fatídico homicídio de Clodiane (esposa) seguido do suicídio do Ten Cel Miguel Gomes Neto do Quadro de Oficiais da Polícia Militar do Maranhão.
De pronto, blogues e a imprensa noticiaram e passaram a especular o que ocorrera em uma das residências do casal no Portal dos Lençóis Maranhenses, na cidade de Barreirinhas e por conseguinte, pessoas passaram a fazer suposições e comentários, como é comum à sensacionalistas “irresponsáveis” e desprovidos de bom senso, referenciando-se ou aludindo à situações negativas em que o Oficial se envolveu.
Embora não tenha nenhuma habilitação na área da saúde, mas, como um policial militar que atuou efetivamente em conflitos sociais por aproximadas três décadas e meia, e avaliando as características da tragédia, arrisco-me a aduzir que o companheiro Miguel Neto “in memorian” enfrentava transtornos de ordem mental.
Neste contexto, saliento que os profissionais de segurança pública, por conta de suas atividades e seus misteres, enfrentam no dia-a-dia, situações totalmente adversas, tornando-se verdadeiros parachoques sociais, em uma sociedade doente que por sua vez, trava lutas cotidianas contra os seus problemas culturais, econômicos e estruturais.
Com as deficiências organizacionais, oriundas de um sistema ineficaz e ineficiente, em que não recebem aquilo que necessitam para bem desempenhar suas missões; como membros “dessa sociedade” travam difíceis lutas procurando resolverem suas questões pessoais, antes de cumprir com os seus papéis. Talvez ai resida as dificuldades que alguns companheiros enfrentam em não conseguirem solucioná-los, propiciando à sociedade de que são oriundos, massacrá-los impiedosamente em suas falhas, esquecendo-se de que estes policiais militares também são seres humanos como quaisquer outros.
Miguel Neto era um cidadão que enfrentava problemas, mas, era uma pessoa reservada, ética, trabalhadora e estudiosa.
Como profissional, exerceu as funções de Major Chefe da Seção Administrativa do 9º Batalhão de Polícia Militar (2005) e foi o responsável por inúmeras melhorias introduzidas na Unidade Policial Militar (UPM) que contribuíram decisivamente para o sucesso do meu comando.
Possuidor de uma personalidade forte, porém sincera, nossa relação, como a da grande maioria dos Oficiais que trabalhou comigo, ultrapassou as barreiras profissionais, alcançando o campo da amizade.
Nosso último contato pessoal ocorreu nas proximidades do final do mês de maio quando em uma passagem no Quartel do Comando Geral, fui até seu gabinete (Chefia do Estado Maior do Comando do Policiamento do Interior) cumprimenta-lo e ali passamos alguns minutos em um bate-papo tranquilo, onde me confidenciara que estava cursando direito bacharelado, quando reafirmamos nosso bom relacionamento.
De quando em vez trocávamos mensagens via WatSaap e foi através das redes sociais que soube que enfrentava problemas em seu relacionamento conjugal; não direcionei questionamentos à esse respeito, mas, busquei criar oportunidades para um diálogo em que pudesse de alguma forma ajudar, visto que a minha esposa também mantinha um bom relacionamento com a Clodiane “in memorian” pré-acordando um encontro futuro de lazer a ser efetivado.
Infelizmente não se evidenciou e nós ficamos aqui saudosos de suas companhias.
Amigo, a mente humana é uma caixa de surpresas e somente os profissionais que trabalham com saúde mental podem tentar nos explicar porque uma pessoa bem sucedida como “você”, que tinha uma vida pela frente, fraquejou.
Ainda estamos feridos e entristecidos, mas, orando e rogando ao Grande Arquiteto do Universo (GADU) que onde estiveres encontres a paz.

São Luís - MA, 17 de junho de 2017.


Carlos Augusto Furtado Moreira

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